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A primeira paixão de Isadora

A primeira paixão a gente nunca esquece
porque ela é marcante. Veja como foi
a primeira paixão de Isadora, essa garotinha
de sobrancelhas marcantes e bochechas de veludo.

Leia aqui mesmo. Selecione um capítulo e divirta-se!

Capítulo 1

Ele passou pelo meu caminho!

A Isadora é uma menina muito criativa e cheia de energia que adora jogar taco, soltar pipa, e até enfrentar os meninos no futebol. Mas o que ela gosta mesmo é de inventar mecanismos estranhos, montar armadilhas, construir coisas inusitadas. Ela junta e coleciona todo tipo de sucata e quinquilharia que imagina poder usar nas suas próximas engenhocas. Essa menina sapeca e maluquinha montou no pátio de casa um teleférico. Você sabe o que é um teleférico? Com ajuda do seu tio, esticou um cabo de aço ao longo do quintal formando um trilho suspenso e flexível, encaixou uma roldana sobre o cabo, e engatou um cinturão antigo em formato de uma cadeira, para que pudesse se sentar.

A porta da cozinha, que dá acesso ao quintal, tem dois degraus. Ela sobe no degrau, pula em cima do cinturão, e, com o embalo, consegue transportar-se pelo teleférico até o fundo do terreno e depois voltar. As amigas e amigos da Isadora adoram brincar lá, curtindo suas invenções e engenhocas. As brincadeiras mais comuns das meninas, as bonecas, maquiagens e roupinhas, nunca foram divertimento para ela. E até os nove anos ela nunca tinha gostado de nenhum menino.

A Isadora mora numa rua que de um lado é sem saída, as casas e as calçadas terminam no limite com um terreno baldio onde ela costuma jogar bolinha de gude com a turma. Do outro lado, a rua termina no acesso principal de uma praça com brinquedos, onde tem gira-gira, escorrega, campinho de futebol, chafariz e uma pista de skate. É nesta pista, que fica na praça no final da rua da casa da Isadora, que o Tatan treina. Sempre que um campeonato importante está próximo, ele acorda mais cedo, toma café rapidinho, e, antes de começarem as aulas, ele vai até à pista treinar suas linhas para fazer bonito nas competições. À tarde, ele também vai pra pista quando tem tempo livre, mas nesse horário não se preocupa em acertar as manobras, só em divertir-se andando de skate e batendo papo com os amigos.

Agora você vai saber como a Isadora conheceu o Tatan. O Professor de Biologia da escola onde a Isadora estuda mantém um rodízio de alunos, durante dois dias, a cada mês, duas crianças são escaladas para serem as cuidadoras do aquário do Museu da Natureza. Nesta segunda e terça as responsáveis seriam a Maxine e a Isadora. Para que tudo desse certo, a Isadora combinou com a Maxine de, já no primeiro dia, irem mais cedo para a escola. Os cuidados com o aquário exigem muita dedicação, como manter o oxigênio da água, monitorar o PH e fazer a limpeza, periodicamente. Diariamente, é preciso dar ração para os peixes, separar as fêmeas com filhotinhos para que os grandes não comam os pequenos, e por aí vai…

A Maxine pediu para a Isadora chegar ao colégio, no máximo, às 07h10min, para que elas pudessem arrumar tudo antes das aulas começarem. A Isadora então acordou às 06h30min e saiu de casa às 06h50min. Quando ela colocou o pé na calçada, antes mesmo de passar a chave na porta, avistou na esquina um vulto, vindo rapidamente na sua direção, e, à medida que ele se aproximava, percebeu que era um menino de skate. Como ele estava de boné e concentrado em olhar por onde andava, ela não conseguiu ver bem o seu rosto, e seguiu para a escola. No meio do caminho, não conseguia lembrar com certeza se tinha passado a chave na porta, teve que voltar para conferir. Ufa! A porta estava trancada.

No dia seguinte, ela precisou acordar no mesmo horário para terminar a arrumação do aquário, e, novamente, saiu de casa às 06h50min. Adivinhem quem estava passando quando ela saiu de casa? O Tatan, desta vez sem boné. Quando ela o avistou, ele estava pulando da calçada para a rua, desviando seu skate de um buraco, e aproveitou para fazer uma manobra, saltou de ollie flip, muito alto, girou o skate com os pés e aterrissou com perfeição! A Isadora pensou: UAU! DEMAIS… Ele anda muito! E seguiu para a escola impressionada e curiosa para saber como era o nome daquele menino.

Capítulo 2

Armadilha quase perfeita!

Na quarta-feira, mesmo já tendo concluído as tarefas do aquário, a Isadora decidiu continuar indo para a escola mais cedo, e, quem sabe, encontrar o menino passando de skate. Ela saiu de casa, ficou esperando na calçada e resolveu ir caminhando devagarinho, como se a qualquer momento ele fosse aparecer. E nesses passos bem lentos, ela foi avançando, a esquina se aproximando, e, nada… Quando ela já estava quase chegando à esquina, perdendo as esperanças, ouviu o barulho das rodinhas, deu dois passos e ZOOOM… O Tatan passou sem sequer vê-la, voando. Ela ficou ali, surpreendida, chateada por ele ter passado sem notar a sua presença, mas muito mais curiosa e sem saber bem o que estava sentindo.

Chegou à escola, encontrou as amigas, mas não estava com vontade de falar com ninguém. Sentou no seu lugar, na primeira fila junto à parede da sala de aula, bem na frente da mesa da professora, que havia decidido que ela deveria sentar-se ali por ser muito tagarela. Abriu o caderno, mas não conseguia parar de pensar em como fazer para saber quem era o skatista que passava pela porta de sua casa. E assim foi o dia inteirinho, até dar-se conta de que, se não desse um jeito de falar com ele, não conseguiria ter tranquilidade para fazer mais nada.

Decidida a, no mínimo, perguntar para o menino como ele se chamava, a Isadora bolou um plano daqueles que só ela poderia inventar. O plano mirabolante era o seguinte: como o menino passava de skate muito rápido, ela teria que dar um jeito de fazê-lo parar e ter tempo de falar com ele. Então, ela pensou em algum jeito de fazer o skate do menino trancar, para ele ter que descer. Na mesma hora ela apareceria, e aí poderia perguntar como ele se chamava e onde estava indo todos os dias àquela hora da manhã.

A Isadora pôs seu plano em prática. Amarrou no portão de sua casa um fio de nylon de pescaria bem resistente, fez a volta com ele numa árvore junto ao meio fio, esticou-o e amarrou-o com firmeza de novo no portão, a poucos centímetros de altura do chão. Ela esperou até às 23h, quando praticamente não havia nenhum movimento de pedestres passando pela calçada, aí, no dia seguinte, ela ficaria do lado de dentro esperando, e,  quando ouvisse o barulho do skate, iria rapidinho para a frente da casa. Montou a armadilha, e foi dormir ansiosa.

Quando o despertador tocou, às 06h15min da manhã, a Isadora saltou da cama e foi direto para o banho, vestiu-se, penteou os cabelos e até colocou perfume, coisa que ela não fazia todos os dias, só em ocasiões especiais. E foi sentar-se no chão da sala com o ouvido na porta, o olho no relógio: 06h40min, 06h41min, 06h42min, ela contava os segundos, e o tempo parecia não passar. Tentava pensar em outras coisas para o tempo passar mais rápido, ansiosa e angustiada, mas não conseguia… 06h50min, 06h51min… O seu Maneca, o vizinho, saiu de carro fazendo barulho de motor, e ela ficou achando que o Tatan poderia passar naquele exato momento. Abriu a porta para conferir, a armadilha estava ali, mas ninguém à vista. Retornou para dentro de casa, ouvido na porta… 06h56min, 06h57min… Então, a Isadora ouviu um barulho, telec, tlec, tlec… Não era o barulho da rodinha do skate, e, de repente… BACTETRAC RR&8 BUUM , AIIIII…! Ouviu um barulhão de ferro e lata seguido por um gemido de dor. A Isadora abriu a porta apavorada. Um senhor de bicicleta vinha passando e caiu na armadilha. Assustada, foi ajudar. Quando se abaixou para perguntar se o senhor ali caído estava bem, ouviu o barulho do skate. Era o Tatan que vinha logo atrás. Quando percebeu aquele senhor estatelado no chão o Tatan tomou a dianteira para verificar se ele estava bem. Enquanto ele tratava de ajudar o senhor, a Isadora, mesmo com medo e envergonhada por ter causado tudo aquilo, sem que eles percebessem deu um jeito de tirar os vestígios da armadilha: retirou o fio de nylon e imediatamente juntou-se ao Tatan que já estava conversando com o ciclista. Logo viram que o senhor aparentemente estava bem. Ele se identificou como “Seu Ventura” e disse que tinha sido apenas um susto, já fazendo menção de ir embora, por estar, continuou dizendo, atrasado.

Só que, diante daquela nova situação, a Isadora estava tendo outra ideia, ainda mais ousada. A duas quadras dali fica localizado o Hospital de Pronto Socorro. A Isadora pensou: vou dar um jeito de convencer o skatista a ir comigo levar este senhor para ser examinado no Pronto Socorro, e vou descobrir tudo sobre ele! E já começou a executar a ideia…

– Seu Ventura, o senhor não pode ir embora! Temos que ter certeza que nada de grave aconteceu! Foi tirando a mão do senhor da bicicleta, e,  sem o deixar subir, intimou o Tatan a acompanhá-la:

– Eu moro aqui, e quando saí de casa encontrei este senhor caído no chão. Como você se chama? Pode me ajudar a levar este senhor até o pronto Socorro para garantir que não aconteceu nada de grave? Não vou deixá-lo sair por aí de bicicleta, um tombo desses pode afetar alguma coisa, e ele nem estava usando capacete. Você que anda de skate deve saber que existe este risco, né?

O Tatan, sem muito tempo para pensar, aumentou um pouco o volume do aparelho auditivo (no início da manhã ele deixa o volume baixinho), e respondeu para a menina: claro, claro que sim, eu acompanho vocês até o Pronto Socorro. Meu nome é Tatan! E você, como se chama?

A Isadora não se conteve e abriu um enorme sorriso, quase não conseguiu disfarçar sua artimanha, que incrivelmente, estava dando muito mais certo do que ela poderia imaginar, e respondeu:

– Meu nome é Isadora.  E seguiu tagarelando:

– Meus amigos me chamam por um apelido, como ainda estamos nos conhecendo eu ainda não vou te contar, mas quem sabe daqui a uns dias, se você for legal, você também poderá me chamar pelo apelido. Onde você estava indo?

O Tatan disse que estava indo treinar na pista de skate da praça, e que depois iria para a aula, mas que não teria problema, o mais importante era ver se o Seu Ventura estava bem.

Seu Ventura tentou convencer a Isadora de que não havia a necessidade de ir para o hospital, nem maiores cuidados, que ele tinha que ir, pois já estava atrasado para o trabalho. Mas a Isadora tinha argumentos de sobra, explicou que no hospital ele receberia um atestado, que a saúde é a coisa mais importante, e ele percebeu que o melhor era ir de uma vez, pois nada faria a menina mudar de ideia.

Capítulo 3

Primeira cena de ciúmes!

Chegando ao hospital, a recepcionista pediu o documento de identidade do Seu Ventura. Enquanto isso, o Tatan foi pedir para o vigilante guardar a bicicleta e a Isadora seguiu acompanhando o Seu Ventura. Em seguida, enquanto Seu Ventura esperava para ser examinado, foram sentar-se e a Isadora começou a puxar conversa com o Tatan. A primeira coisa que ela perguntou foi sobre os “fones” diferentes que ele estava usando. O Tatan explicou que não eram fones, que eram aparelhos auditivos para que ele pudesse ouvir melhor, pois do contrário só entendia o que as pessoas estavam falando através de leitura labial ou se elas falassem LIBRAS (a Língua Brasileira de Sinais). A Isadora ficou impressionada e quis saber mais sobre o assunto, mas o Tatan estava impaciente, atrasado para a aula, tinha perdido o treino de skate da manhã, e pediu licença para mandar uma mensagem para sua mãe avisando o que tinha acontecido. Quando Seu Ventura foi chamado para ser atendido, o Tatan estava ocupado mandando mensagem, e a Isadora foi com ele até o consultório.

Enquanto isso, chegou à recepção uma senhora acompanhada de sua neta, a Taís, uma amigona do Tatan que também anda de skate, e eles ficaram conversando.

Rapidamente o médico examinou Seu Ventura, que sequer estava sentindo dores; como ele não bateu a cabeça, estava tudo bem, foi liberado sem precisar de outro tipo de exames. Ao voltarem para a recepção, a Isadora avistou o Tatan conversando animadamente com a Taís, e ficou vermelha de raiva. Caminhou até eles pisando forte, e, com tom de voz alterado, perguntou: Tatan, quem é esta menina que você tá aí, tacatacataca ?? O Tatan, surpreso, nem respondeu à pergunta, fez de conta que não ouviu e apresentou a Taís para a Isadora:

– Taís, é desta menina que eu estava te falando. Eu encontrei ela prestando socorro para este senhor que levou um tombo de bicicleta. Ela se chama Isadora.

– Isadora, esta é a minha amiga, que também é skatista, seu nome é Taís.

– E o senhor, Seu Ventura, está tudo bem? Perguntou Tatan.

– Meu filho, está tudo bem. Agora vou indo, estou atrasado, muito obrigado. Você guardou a minha bicicleta?

– Sim, Seu Ventura, o vigilante guardou no bicicletário. Boa sorte para o senhor, eu também vou me despedindo, e vou correndo tentar chegar à escola no terceiro período!

– Taís, tenho mesmo que ir, nos encontramos depois, te mando uma mensagem. Isadora, que bom que está tudo bem, então, Tchau!

– Mas, Tatan…! A Isadora não conseguiu esconder sua frustração e reclamou: mal nos falamos, quando vamos nos encontrar novamente?

E o Tatan,  sem perder mais tempo, saiu caminhando e disse:  Isadora, eu passo todos os dias na frente da sua casa, né? Agora tenho que ir mesmo, Tchau!

E foi embora.  A Isadora ficou ali, sentindo-se abandonada por quem ela mal conhecia… Sabia que ele andava de skate e que usava aparelho auditivo, se chamava Tatan e que seu jeitinho era simplesmente irresistível! Suspirou e, finalmente, entendeu o que realmente estava sentindo:

– Estou apaixonada! E acho que fiz tudo errado!

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